RENASCENÇA E REVOLUÇÃO CIENTÍFICA - HUMANIDADES EM FOCO !

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RENASCENÇA E REVOLUÇÃO CIENTÍFICA


ANTECEDENTES

Já na Baixa Idade Média, ocorreram mudanças sensíveis na vida europeia. Assim, movimentações no seio da sociedade ocidental traduziram os novos interesses, principalmente por produtos confeccionados no Oriente. 

Os contatos com o mundo oriental fizeram ressurgir questionamentos sobre a vida material, dando um novo impulso à vida intelectual europeia. Vale lembrar que as universidades surgiram nesse contexto histórico; a valorização das matemáticas, do Direito e da medicina contribuiu para forjar uma cultura que apreciava cada vez mais a razão e tentava conciliá-la com a fé. 

Foi o Renascimento que tornou mais visível essa preocupação do ser humano europeu com os assuntos relativos à natureza e sua compreensão por meio da razão. 

Se o Renascimento, ocorrido entre os séculos XIV e XVI, rompeu com alguns valores medievais, também deu continuidade à Idade Média.

Renascimento será estudado, a seguir, nas duas chaves: a da ruptura e a da continuidade. Além disso, será abordado como certo contexto histórico favoreceu a produção renascentista. 


O RENASCIMENTO COMO RUPTURA

Os historiadores que defendem o movimento renascentista como sendo de ruptura em relação à Idade Média costumam apoiar-se nos seguintes argumentos básicos: 

1º Houve a retomada de valores da Antiguidade greco-romana em oposição aos valores medievais. 
2º Deu-se a afirmação de uma forma diferente de aquisição do conhecimento que apelava mais para a experiência do que para a Escolástica (argumento de autoridade). 
3º Existiu uma nítida defesa do indivíduo em relação à ideia de universalidade do ser humano, significando a capacidade de realização múltipla e particular de sua existência em oposição à visão coletivista que havia imperado no Medievo.


PRIMEIRO ARGUMENTO 

1º Houve a retomada de valores da Antiguidade greco-romana em oposição aos valores medievais. 

As obras literárias, as esculturas, as pinturas e a própria ciência produzidos na Renascença buscavam nos modelos gregos e romanos um ideal de vida que se contrapunha à vida e à mentalidade medievais. 

O antropocentrismo, por exemplo, é cristalino na obra do autor renascentista Giovanni Pico della Mirandola, intitulada Discurso sobre a dignidade do homem. Nela, encontramos o caráter especial do ser humano de poder se transformar em tudo o que quiser, diferentemente dos outros animais. 

Além disso, o Renascimento retratou temas pagãos que seriam considerados heresia para o padrão da mentalidade medieval. Isso significa outro elemento a ser considerado nos argumentos relativos à ruptura com a Idade Média e inscrito na ideia de retomada do mundo antigo. 


SEGUNDO ARGUMENTO 

2º Deu-se a afirmação de uma forma diferente de aquisição do conhecimento que apelava mais para a experiência do que para a Escolástica (argumento de autoridade). 

A Escolástica medieval, embora procurasse dar espaço à razão, com suas noções arraigadas na fé, no dogmatismo, não havia conseguido libertar o ser humano de uma mentalidade que o colocava em condição de inferioridade. 

Os pensadores da Renascença teriam rompido com tal visão de mundo, permitindo a consolidação de uma perspectiva otimista a seu respeito, em que o ser humano tinha um lugar de destaque. 

Foi um processo lento, em que se questionou a Escolástica fundada no argumento de autoridade e se propôs o método experimental como seguro para a aquisição do conhecimento. 

Ex: Copérnico usou instrumentos astronômicos como astrolábios e quadrantes em suas observações sobre o céu. Foram Galileu Galilei e Leonardo da Vinci que estabeleceram, com clareza, o método experimental, constituindo a base da ciência moderna. 


TERCEIRO ARGUMENTO 

3º Existiu uma nítida defesa do indivíduo em relação à ideia de universalidade do ser humano, significando a capacidade de realização múltipla e particular de sua existência em oposição à visão coletivista que havia imperado no Medievo. 

A valorização do indivíduo foi outra marca importante do Renascimento. A sociedade medieval tinha uma visão coletivista da sociedade. 

Artistas começam a ganhar destaque e passam a assinar suas obras; mercadores enriquecem, desejando marcar presença na sociedade; intelectuais ganham espaço nas Cortes reais como pensadores de um novo mundo; uma sensibilidade diferente coloca o homem em contato direto com Deus. 

Compreender as Grandes Navegações da Idade Moderna, o desenvolvimento do capitalismo e do seu caráter especulador intrínseco, o poder e o destaque de reis e ministros reais é também compreender o vir à tona do indivíduo com todo o seu poder de realização no mundo.


OUTROS EXEMPLOS DA RUPTURA 

Um exemplo é a obra de Erasmo de Roterdã, Elogio da loucura, em que o autor tece considerações críticas ao estado de coisas que vinha da Idade Média, em especial ao poder da Igreja, com seus argumentadores escolásticos que enganavam as pessoas com discussões imaginárias, com divagações esdrúxulas que em nada serviam à vida. 

Outro exemplo literário pode ser retirado da escrita lusitana em que se pode compreender que os renascentistas olhavam para o passado greco-romano como inspiração para as suas ações. 

grande preocupação de um artista do Renascimento era espelhar a natureza, conferir à obra um caráter verossímil, acreditável. Assim, a arte era uma espécie de imitação da vida e só o ser humano era capaz dessa imitação. 

Os estudos sobre o corpo humano, com a dissecação de cadáveres, davam as bases de um conhecimento pela experiência. 


O RENASCIMENTO COMO CONTINUIDADE 

O Renascimento não representou apenas ruptura com a Idade Média, mas também continuidade. Em que reside essa continuidade? 

Apesar de serem poderosos os argumentos em defesa de uma ruptura com a Idade Média, alguns autores relativizam seu teor por considerar que, de alguma forma, expressões medievais no sentido apontado pelos argumentos tinham sido desenvolvidas em pleno Período Medieval. 

Nesta visão, os pensadores renascentistas não romperam completamente com a Idade Média, pois os referenciais religiosos cristãos consolidados na Idade Média operavam de forma significativa em suas elaborações teóricas e criações artísticas de forma geral. 

Deve-se lembrar também que a Igreja Católica, a princípio, apoiou o movimento renascentista e foi uma poderosa financiadora de obras de arte, o que, por si, coloca a questão da arte renascentista como sendo também uma arte sacra, a exemplo do que já ocorria no Período Medieval. 


CONTEXTO DO RENASCIMENTO

Para explicar o movimento renascentista é importante considerar os seguintes elementos: 
  • desenvolvimento urbano-comercial; 
  • fuga dos sábios de Constantinopla para Roma; 
  • advento da imprensa. 

os artistas produziam obras por encomendas — eram sustentados materialmente pelo desenvolvimento urbano-comercial. Até a nobreza se envolveu com tal financiamento, como foi o caso da família Médici, de Florença, que mantinha relações com mercadores e que apoiou o chamado Renascimento Cultural europeu. 

Devemos considerar que o berço do Renascimento foi a Itália, com suas cidades mercantis e seus homens que estavam propensos à especulação. 

Antes de Constantinopla ser dominada pelos turco-otomanos islamizados, muitos eruditos fugiram da cidade e carregaram os navios com várias obras em grego dos pensadores antigos e sobre eles. 
Por último, consideremos que existiam certas limitações à circulação das ideias clássicas, pois havia dificuldade de reprodução das obras antigas. 

Essa situação difícil só se encerrou quando um alemão chamado Gutenberg aperfeiçoou uma máquina que prensaria as letras no papel. Letras móveis em metal eram presas em uma prensa, que, ao ser girada, imprimia o texto no papel. Aquilo foi uma revolução técnica que favoreceu a multiplicação dos livros e facilitou sua aquisição. 

Bibliotecas particulares foram constituídas e a Igreja perdeu o controle sobre o que se lia. Os editores, homens de negócio, publicavam várias obras que se inspiravam nos clássicos. Dessa forma, houve a consolidação da cultura do Renascimento. 

Nicolau Copérnico (1473-1543): questionou o geocentrismo defendido pela Igreja e assentado no pensador antigo Cláudio Ptolomeu. Suas observações levaram-no a afirmar o modelo heliocêntrico. 

Leonardo da Vinci (1452-1519), artista, inventor e cientista, foi um estudioso que defendeu o método experimental como forma de aquisição do conhecimento.

Giordano Bruno (1548-1600), defensor ferrenho do heliocentrismo de Copérnico e da noção do Universo infinito, foi também condenado à fogueira pela Inquisição. 

Galileu Galilei (1564-1642), considerado fundador da ciência moderna, estabeleceu o método experimental para a aquisição do conhecimento. Um dos grandes pensadores da Renascença, etc.

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