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REVOLUÇÃO RUSSA


A RÚSSIA NO INÍCIO DO SÉC. XIX

A Rússia consolidou-se como Estado no final do século XVI, sob o governo de Ivan IV, o Terrível, que adotou o titulo de czar. Com ele, teve inicio o absolutismo e a expansão territorial do país. Essa expansão se prolongou até o final do século XIX. Por volta de 1914, sua população chegava a 174 milhões de pessoas.

Todavia, até o final do século XX a economia russa permanecia predominantemente baseada nas atividades rurais. Enquanto os países europeus passavam por uma segunda Revolução Industrial, a Rússia dispunha de poucos centros fabris. Ali, os operários trabalhavam em lugares insalubres, com salários extremamente baixos e enfrentavam jornadas de até quatorze horas diárias.

No campo, a situação era ainda pior: 85 % da população total do pais era constituída por camponeses pobres. A abolição do regime servil, em 1861, não contribuiu para melhorar sua situação, pois eles continuavam a viver sob o domínio de grandes proprietários rurais. 

Politicamente, vigorava no país uma espécie de monarquia absolutista – o czarismo –, que reprimia qualquer manifestação contraria ao governo. As forças que davam sustentação política ao czar era formadas pelo donos de terra (nobreza), pelos militares e pela igreja ortodoxa. 

A repressão e o autoritarismo provocaram o surgimento de grupos clandestinos de oposição defensores de mudanças econômicas, sociais e políticas.


CZAR NICOLAU II

A CAMINHO DA INDUSTRIALIZAÇÃO

Economicamente atrasada em relação a Europa ocidental, a Rússia só começou a se industrializar no final do século XIX. A industrialização russa concentrou-se em três pontos do território, todos na porção europeia do país: na capital São Petersburgo (noroeste), em Moscou (oeste), e na região do rio Don (ao sul de Moscou). 

Assim, no começo do século XX a Rússia era um país camponês com alguns locais de alta concentração industrial, mantida sob um sistema politico arcaico – a autocracia absolutista –, que não se interessava em implantar reformas politicas e sociais.


BOLCHEVIQUES E MELCHEVIQUES

O crescimento industrial russo refletiu-se no desenvolvimento da sociedades: entre 1860 e 1914, a população urbana passou de 6 milhões para quase 19 milhões de pessoas. 

Vivendo e trabalhando em péssimas condições, os operários russos começaram a se organizar em associações. Em 1898, intelectuais e membros da classe trabalhadora formaram o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), grupo clandestino de orientação marxista. 

Em 1903, o POSDR agrupava membros com duas tendências. Uma delas era os bolcheviques, liderada por Lenin (pseudônimo de Vladimir Ilitch Ulianov). Essa facção propunha a formação de uma aliança operário-camponesa para lutar pelo poder como primeiro passo para se chegar ao socialismo, o que, segundo Lenin só seria possível por meio de uma revolução.

A outra tendência era a dos mencheviques. Mais moderados do que os bolcheviques, eles defendiam que era preciso apoiar a burguesia, pois esta deveria liderar a luta contra o czarismo em uma revolução democrática. Apenas depois disso, a classe operária poderia se organizar para a revolução socialista.




Stalin (3º em pé, da esquerda para a direita) com um grupo de revolucionários bolcheviques em Turukhansk, Império Russo.

A REVOLUÇÃO DE 1905


Em 1905, a Rússia saiu derrotada da Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) pela posse da Manchúria e da Coreia. A derrota contribuiu para aumentar o descontentamento da população com o governo russo. 

Em janeiro de 1905, ainda durante o conflito, cerca de 200 mil pessoas, lideradas pelo padre Georg Gapon, saíram as ruas de São Petersburgo, capital do país, em manifestação pacifica pela implementação de uma Assembleia Constituinte e por melhores condições de vida e salário. Forças do governo dispararam contra a multidão, matando cerca de mil pessoas.

Conhecido como domingo sangrento, o massacre repercutiu em toda Rússia, levando radicalização dos protestos. Greves, saques e manifestações eclodiram por toda parte. No mar negro os marinheiros do Encouraçados Potemkin se sublevaram. Em outubro uma greve geral paralisou o país.



Trecho do filme soviético Devyatoe yanvarya ("9 de Janeiro") (1925) mostrando uma linha de soldados armados em frente a manifestantes que se aproximam.

Nas grandes cidades foram criados sovietes, conselhos formados por representantes dos trabalhadores para tomar decisões politicas na luta contra o czarismo. O soviete mais importante era o de São Petersburgo, presidido por Lev Davidovich Bronstein, conhecido como Leon Trotski.

Encurralado pelo movimento, o czar Nicolau II cedeu a algumas de suas exigências: legalizou os partidos políticos e concedeu poderes legislativos à Duma (uma espécie de parlamento). No entanto, reprimiu violentamente os sovietes e as greves. Trotski, líder do soviete de São Petersburgo, e outros líderes foram presos. 








Assembeia do soviete de São Petrogrado

Se a revolução de 1905 não chegou a derrubar o governo czarista, conseguiu, ao menos, interferir na transformação do país em uma monarquia constitucional. O governo de Nicolau II continuou mantendo, no entanto, características autoritárias.


A REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO DE 1917 


O governo russo entrou na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) com um exercito numeroso (mobilizou um exercito de cerca de 15 milhões de soldados durante o conflito), mas despreparados militarmente: sem fuzis e botas, muitos combatentes russos morreram ou desertaram. 

A guerra desorganizou completamente a economia interna do país. No dia 27 de fevereiro de 1917 (ou 12 de março no calendário ocidental), a população de São Petersburgo e de outras cidades se revoltou. O czar foi obrigado a abdicar e foi implementado um governo provisório eleito pela Duma e composto por lideres liberais e mencheviques. Ao mesmo tempo os sovietes se organizavam em todo o país.



Os novos governantes aboliram a censura à impressa, legalizaram os partidos e libertaram os presos políticos. Os russos exilados puderam retornar ao país. O czar e sua família foram presos. Mas a Rússia continuou envolvida na Primeira Guerra e a principal reivindicação dos camponeses – a reforma agraria- não foi atendida.


A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO DE 1917

Em abril de 1917, Lenin voltou da Suíça, onde se encontra exilado, e iniciou violentos protestos contra o governo provisório, proclamando os lemas: Paz, pão e terra e Todo poder aos sovietes!. Enquanto isso Trotski era eleito presidente dos sovietes de Petrogrado (novo nome da capital, a antiga São Petersburgo), o mais importante da Rússia, e aderia ao Partido Bolchevique. 


Lênin e Trostski ao centro.

A Rússia continuava em ebulição, operários, soldados e camponeses percebiam que poucas tinham sido as mudanças nas condições de vida após a Revolução de Fevereiro e a insatisfação popular não parava de aumentar.

Com sua política de “Paz, pão e terra”, os bolcheviques conquistaram rapidamente a liderança da maioria dos sovietes e, na noite de 24 para 25 de outubro de 1917 (6 para 7 de novembro no calendário ocidental), derrubaram o governo provisório por meio de uma insurreição organizada e dirigida por Trotski.


COMUNISMO NA RÚSSIA

Com a Revolução de outubro, a presidência do país foi assumida por Lenin, que proclamou a formação a República Soviética Russa. O novo governo estatizou fábricas, estradas de ferro e bancos e confiscou os bens da Igreja. As grandes propriedades foram expropriadas e distribuídas aos camponeses. No plano externo, russos e alemães assinaram um tratado de paz em separado, o Tratado de Brest-Litovsky (1918). 





O líder revolucionário Lenin discursa para uma multidão na praça Sverdlov em maio de 1920.

Com a economia arrasada, em março de 1921, o governo de Lênin anunciou a Nova Política Econômica, também conhecida pela sigla NEP. Esse plano de recuperação do país combinava princípios comunistas com medidas capitalistas. Em dezembro de 1922, o novo país passou a se chamar União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS). 

Em seguida, porém, o pais mergulhou em uma sangrenta guerra civil que colocou em confronto o Exército Vermelho, organizado e comandado por Trotski, e o Exército Branco, mobilizado pelas antigas classes dominantes e apoiado pelas potências ocidentais. 

Durante a guerra civil, o governo de Lenin adotou medidas de centralização do poder em torno do Partido Bolchevique, agora chamado de Partido Comunista. Muitos opositores do novo regime foram presos. O czar Nicolau II e sua família foram executados. 

Enquanto o Partido Comunista, único em funcionamento, passava a controlar todas as esferas da sociedade, os sovietes deixaram de ser um espaço para discussão democrática e transformaram-se em executores das ordens do partido. 

Em 1922, Lenin sofreu um ataque cardíaco e afastou-se pouco a pouco do poder, até morrer em 1924. O secretário-geral do Partido Comunista, Josef Stalin, passou a disputar com Leon Trotski, a liderança da União Soviética. Os dois tinham opiniões antagônicas a respeito dos caminhos da revolução. 

Stalin

Para Trotski, a revolução socialista deveria ser difundida para outros países como forma de garantir a sobrevivência do socialismo na União Soviética. Stalin, acreditava que a revolução deveria ser consolidada primeiro no próprio país (teoria do Socialismo em um só país). Trotski também criticava a burocratização do Estado, a extinção da vida democrática nos sovietes e a centralização do poder nas mãos do chefe do governo, no caso, Stalin.

Stalin tinha a seu serviço a burocracia do Estado e do Partido. Vencedor da disputa interna com Trotski, passou a dominar o país com mão de ferro, levando ao extremo as tendências autoritárias já reveladas na época do governo de Lenin. Seu governo deu grande impulso à industrialização por meio dos planos quinquenais. Ao mesmo tempo, passou a dominar o Partido e eliminar todos os adversários, que eram presos ou exilados. 

Trotski foi expulso da União Sovietiza em 1929 e obrigado a exilar-se no México, onde morreu em 1940, assassinado a mando de Stalin. Com exceção de Lenin e de Yankel que tiveram morte natural, todos os outros lideres da revolução de outubro foram presos e executados em processos sumários.

Sob o governo de Stalin, a União Soviética isolou-se do mundo e se transformou em uma potencia mundial. A formação de uma sociedade igualitária proposta pelos primeiros socialistas foram esquecidas. Em lugar do socialismo, surgiu uma sociedade burocratizada, controlada por uma elite de funcionários privilegiados, enquanto a maior parte da população vivia condições precárias e se via excluída dos órgãos de participação e decisão politica. No topo dessa sociedade estava o Partido Comunista, que controlavam todos os órgãos do Estado. O chefe desse partido, Stalin, era consideração infalível e seus opositores eram imediatamente reprimidos.



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